#ElasCientistas V: Maryam Mirzakhani
Maryam Mirzakhani nasceu em 12 de maio de 1977 em Teerã, Irã. Filha de Ahmad Mirzakhani, engenheiro elétrico, e Zahra Haghighi, viveu sua infância durante a guerra do Irã-Iraque e sonhava em ser escritora. Maryam foi a primeira mulher a receber a Medalha Fields (“Nobel dos matemáticos”), ultrapassando gênero, religião e raça. Em sua homenagem, desde 2018, na data de seu aniversário, é celebrado o Dia Internacional das Mulheres na Matemática!
“Cresci em uma família com três irmãos. Meus pais sempre foram muito solidários e encorajadores. Era importante para eles que tivéssemos profissões significativas e satisfatórias, mas eles não se importavam tanto com sucesso e realização. Em muitos aspectos, foi um grande ambiente para mim, embora estes foram tempos difíceis durante a guerra Irã-Iraque. Meu irmão mais velho foi a pessoa que me fez se interessar pela ciência em geral. Ele costumava me dizer o que aprendeu na escola.”
- Maryam sobre sua família
Em 1995, Maryam iniciou sua graduação em bacharelado em Matemática na Universidade de Sharid de Tecnologia, no Teerã, uma das principais instituições do país em exatas. Sempre exímia aluna, em 1994 e 1995, ela ganhou medalhas de ouro na Olímpiada Internacional de Matemática e, obtendo nota máxima em 95, ficou em primeiro lugar no mundial de ouro na Olimpíada Mundial de Matemática canadense com 42 pontos em 42.
Em 1999, depois de obter seu diploma, Mirzakhani foi para os Estados Unidos onde fez pós-graduação na Universidade de Harvard. Lá ela começou a ir ao seminário de Curtis McMullen. Ele havia sido nomeado para professor na Universidade de Harvard em 1998, ano em que havia recebido uma Medalha Fields no Congresso Internacional de Matemáticos em Berlim. McMullen tornou-se seu conselheiro de doutorado.
Também nesse ano, ela foi capaz de encontrar uma solução para um problema matemático, há tempos buscavam encontrar uma maneira prática de calcular o volume de códigos substituindo formas geométricas hiperbólicas, e a jovem Maryam Mirzakhani, da Universidade de Princeton, mostrou que o uso da matemática pode ser a melhor maneira de chegar a uma solução clara: calcular a profundidade dos loops desenhados em superfícies hiperbólicas.
Em 2004, Maryam recebeu o título de Ph.D. em Matemática pela Universidade de Harvard, com tese intitulada "Simple geodesics on hyperbolic surfaces and the volume of the moduli space of curves”. Seu trabalho resolveu vários problemas profundos sobre superfícies hiperbólicas e resultou em três artigos publicados em periódicos de alto nível. Há poucas aplicações práticas em sua pesquisa, mas se for determinado que o universo é regido pela geometria hiperbólica, seu trabalho pode ajudar a definir sua forma e volume com precisão.
No ano seguinte, Maryam se casou com Jan Vondrák, matemático tcheco, e tiveram uma filha chamada Anahita.
Jan, Anahita e Maryam
Em 2004, Maryam recebeu uma bolsa de estudos em Harvard, mas recusou pois havia recebido outra proposta: tornar-se professora assistente de matemática na Universidade de Princeton. Em 2008, se tornou professora de Matemática na Universidade de Stanford.
Mirzakhani fez progressos no campo da teoria da superfície riemaniana e seus espaços modulares, abrindo novos horizontes nesta área, além de trabalhar em áreas de pesquisa como geometria algébrica, geometria diferencial, sistemas dinâmicos, probabilidade e topologia de baixa dimensão. Em 2014, quando ganhou a Medalha Fields, Maryam chegou a pensar que o e-mail da União Internacional de Matemática fosse algum tipo de brincadeira. Tal prêmio é concedido apenas aos melhores matemáticos do mundo com menos de 40 anos, e Maryam foi a primeira mulher a recebê-lo, com enorme honraria.
Mirzakhani nas medalhas Fields de 2014
Acometida por um câncer de mama, realizava sessões de quimioterapia, mas infelizmente veio a falecer em 14 de julho de 2017, aos 40 anos, deixando inúmeras contribuições para o mundo da Matemática, além de ser inspiração para muitas garotas, quebrando estereótipos de gênero, raça e religião.
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