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#ElasCientistas III: Hertha Ayrton



Phoebe Sarah Marks nasceu em 1854 e por seu jeito enérgico e cheio de vida, seus amigos lhe chamavam de Hertha (em homenagem à heroína do livro ‘Hertha’, de Frederika Bremer, romance que teve grande influência na conquista dos direitos das mulheres na época), apelido que mais tarde acabou adotando como nome. Foi uma matemática, engenheira e inventora de extrema relevância na sua época e até os dias de hoje.


Vinda de uma família pobre, seu pai morreu em 1861, deixando sua mãe com oito crianças e precisou ajudar nas tarefas de casa desde cedo. Apesar disso, seus familiares não demoraram a perceber suas capacidades intelectuais, e dois anos depois, em 1963, Hertha foi convidada para viver em Londres com sua tia, que dispunha de melhores condições de lhe dar uma educação adequada. Sua mãe a incentivou, pois acreditava que a educação para as mulheres na época era tão importante (se não até mais) quanto para os homens.


Com 16 anos, ao invés de ingressar numa faculdade como gostaria, precisou ir trabalhar como governanta a fim de mandar dinheiro para sua família. No entanto, foi nessa época de sua vida que conheceu Barbara Bodichon, uma das líderes do movimento sufragista e co-fundadora do Girton College, onde possibilitou que Hertha estudasse matemática, lhe pagou aulas avançadas e ajudou durante toda sua educação.


Hertha era conhecida por levar a vida a seu próprio modo e, nas palavras de seus colegas de sala, “era sempre a figura mais marcante entre os estudantes”. Tempos depois, quando entrou na escola técnica, conheceu o professor Willian Ayrton, que mais tarde se tornaria seu marido e parceiro de invenções.


Willian era uma das pessoas que mais apoiavam sua carreira, acreditava em seu potencial e chegou a comentar com um primo: “Você e eu somos pessoas capazes, mas Hertha é um gênio”. Eles tiveram uma filha que recebeu o nome de Barbara Bodichon Ayrton, em homenagem à sua amiga e apoiadora citada anteriormente, uma das mulheres que tornou possível a história da nossa protagonista.


Hertha e William trabalharam juntos para melhorar a tecnologia de iluminação e criar algo mais silencioso, já que nos teatros e lugares públicos se usavam arcos elétricos muito ruins, que piscavam e sibilavam demais. Em determinado momento, todas as anotações de seu marido foram queimadas acidentalmente, e Hertha precisou recomeçar tudo novamente, e sozinha, inventou uma haste que irradiava uma luz brilhante, silenciosa e limpa. Depois disso, publicou vários artigos e conduziu diversas palestras falando a respeito de eletricidade, abrindo caminho para muitas outras mulheres que ainda viriam.


Ayrton era membro da Royal Society, e Hertha foi a primeira mulher que teve seu nome indicado para ser membro da sociedade. Infelizmente, a Royal Society não aceitava mulheres oficialmente, até o ano de 1940. Quando seu livro “O Arco Elétrico” foi publicado, em 1902, ele era tão relevante e obteve tanto sucesso, que não pôde ser ignorado, e então ela foi a primeira mulher convidada a apresentar seu próprio trabalho perante a Royal Society, já que até então não era nem permitido que as mulheres falassem nessas convenções. Um pouco depois, em 1906, a sociedade a premiou com a medalha Hughes pelo conjunto de sua obra referente à eletricidade, tornando-se a primeira mulher a receber esse prêmio.


Ela também foi a primeira mulher a se tornar membro do IEE (Institution of Electrical Engineers), sendo que a próxima mulher nessa posição viria somente 60 anos depois.


Will morreu em 1908 e então Hertha transformou sua casa em um grande laboratório e continuou se dedicando à pesquisa e novas descobertas. Em 1915, durante Primeira Guerra Mundial, foi responsável pela invenção do “Ventilador de Ayrton”, instrumento com o qual era possível dissipar o gás venenoso inimigo para fora das trincheiras. Além disso, durante sua vida, teve 26 patentes registradas, sendo 13 sobre lâmpadas de arcos e eletrodos, 5 em divisores matemáticos e 8 em propulsão a ar.


Hertha Ayrton também era grande amiga de Marie Curie, e ambas lutavam para que suas pesquisas e descobertas fossem reconhecidas, e não somente atribuídas a seus maridos. Quando a descoberta do Rádio foi atribuída a Pierre Curie, Hertha escreveu: “...erros são notoriamente difíceis de matar, mas um erro que atribui a um homem o que foi, na verdade, obra de uma mulher tem mais vidas do que um gato.”


Ayrton ajudou a fundar a Federação Internacional de Mulheres Universitárias em 1919 e a União Nacional de Trabalhadores Científicos em 1920. Ela morreu de envenenamento no sangue (resultante de uma picada de inseto) em 26 de agosto de 1923.


Hertha foi uma grande inspiração para as pessoas na época, e hoje ainda serve de inspiração pra muitas mulheres e cientistas, já que contra todas as estatísticas, e apesar de todos os obstáculos, nunca se contentou com o papel limitado que as mulheres tinham na sociedade da época, foi uma ardente defensora do movimento sufragista e de direitos das mulheres, teve contribuições inegáveis dentro da ciência, principalmente na área de engenharia elétrica e mudou nossa concepção e compreensão de mundo em diversos aspectos, além de abrir caminhos para que outras mulheres pudessem manusear máquinas “perigosas” e inventar grandes coisas!


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